domingo, 28 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Vivo à margem..
Nada me satisfaz, tudo me sufoca.
A realidade é toda ela dor,
e apenas a dor é eterna.
O resto?
Tudo o resto é efémero.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Hoje as notícias engraçadas estão a vir ter comigo a uma velocidade estonteante.
"Director do Expresso diz que já foi pressionado pelo 1º ministro para não publicar uma notícia sobre a sua licenciatura."
Vou ali rebolar a rir e já volto. É óbvio que ele fez isso devido ao facto da sua licenciatura ser completamente fidedigna. O Sr. "Dr." 1º ministo é uma pessoa de estudos, deixem lá o homem em paz!
Podia ficar aqui a gozar com ele durante vastas linhas mas não tenho paciência e ele nem isso merece. Não quero ser injusta mas estou a meio da licenciatura e já devo ter mais habilitações do que o nosso querido 1º ministro. Quiçá até para falar em público e eu nisso sou terrível, a sério.

Lady Gaga vai lançar uma linha de roupa.
A minha pergunta é: linha de roupa ou de árvores de Natal?
Estou confusa.

Blog do refilanço

Este post ia ter o nome de "Dia do refilanço" mas reparei que quase todos têm essa base. Na verdade, é para isso que uso o blog. Já que não refilo em voz alta ao menos fica registado em algum lado.
Estes dias ficaram marcados por ter chegado a mais umas quantas conclusões, sem importância está claro.
- Primeiro cheguei à conclusão que era impossível dar apenas uma resposta caso me perguntassem a razão de eu querer sair do país. São tantas que nunca mais acabava, sou capaz de me lembrar de uma por segundo. E ainda há aquelas que nunca serei capaz de dizer. O que é engraçado nisto é que só tenho um motivo para não sair - não gosto de deixar coisas a meio. Por que é que só um tem de ser mais forte do que os outros todos? Daqui a um ano já não há motivo para ninguém, e depois? Provavelmente vou chegar à conclusão que afinal eram outros motivos: o medo e o feitio.
- Por que é que eu ainda falo de mim? Qual é o objectivo de partilhar coisas importantes para nós quando vamos ouvir um "isso é uma merda"? Aqui reside um dos factos de eu ser cada vez mais calada. Estou tão bem com os meus monólogos que vale mais mandar os diálogos à fava.
- Odeio (aqui está mais uma) cada vez mais que me queiram obrigar a falar. Quando não estou a falar é porque não quero, é assim tão difícil de perceber? Ainda para mais quando estou 50 min (quando não são duas horas) fechada no carro com um instrutor que é uma autêntica gralha e me quer obrigar a falar e a rir. "Tu és muito calada não és?" Eu devia era responder à boa moda irónica (que eu tanto gosto) e dizer "Não Sr. Figueiredo, não vê que eu sou muito faladora e adoro falar consigo?" Eu tenho problemas de concentração e sou nervosa q.b para me enervar com o facto de ter mil carros à minha volta portanto é normal que queira estar concentrada. Já para não falar que eu não vou desabafar sobre a minha vida com o senhor, ou seja, é demasiado trabalhoso, para mim que sou tão "calona", ter de esticar os assuntos "futebol" e "meteorologia" durante tanto tempo. Quanto muito falamos da vida dele, aí tudo bem. Ah já foi a Praga e a Viena, que giro que giro, conte lá a viagem toda então e deixe-me ir quieta e calada no meu canto. É claro que eu apago a meio e vou só dizendo que sim a tudo.
Depois há aquelas situações em que estou visivelmente amuada e aí nota-se que é por isso que não estou a falar. Se estou amuada deixem-me estar ou então parem de me fazer amuar.
- Receio ter dentro de mim mais de mal do que de bem. Mais uma vez, história de autocarro. Começa a parecer que metade dos meus posts são relativos às minhas viagens diárias. Está bem que são praticamente 2h por dia de viagens mas não, a minha vida não é no autocarro. Também que interesse é que teria estar aqui a falar das minhas imensas vitórias nos matraquilhos da faculdade? Sim eu jogo muito bem, sou a maior, bla bla bla (isto não é ser convencida, é ser irónica). Pronto, basicamente o que se passou foi o seguinte: um casal ia distraído com uma máquina fotográfica e por isso só deram conta que tinham de sair em cima da hora. A porta até esteve muito tempo aberta porque aquilo estava cheio que fazia impressão mas ainda assim já foram tarde. O que se passou foi que o senhor saiu e a senhora não. E eu passei o resto do caminho com vontade de rir. Eu sei, sou mesmo má pessoa. Dá-me para rir com coisas que não têm piada nenhuma (ou até têm mas devo ser das poucas que a vêem). Às vezes é capaz de ser nervosismo mas agora não podia usar essa desculpa. Também não hei-de ser assim tão má vá, isso já me aconteceu uma vez no metro e eu fiquei a rir de mim própria!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Chorei mais com este do que com os típicos melosos. Digo mais, chorei como se tivesse de esgotar as lágrimas todas com um só filme. Chorei tanto que tenho os olhos inchados e dói-me a cabeça. Aquele choro sentido que nos faz soluçar muito e em que os nossos lábios não param de tremelicar. Mais palavras para quê? Clint, Hilary e Morgan. Just simple as that.

Isto dava uma rubrica

Na verdade, dava um blog inteiro mas não vou por aí. Passados uns dois meses de blog acho que nunca cheguei a especificar que tipo de blog era este. Não é de nenhum tipo em especial. É um blog sobre mim, sobre as minhas opiniões e divagações, sobre o meu dia-a-dia que não é nada de grandioso mas que é meu e por isso gosto de escrever sobre ele.
Eu podia aqui iniciar uma rubrica com o belo título de "As coisas que eu odeio". Como mulher que sou, e ainda por cima com este meu feitio tão peculiar, dava pano para mangas. É importante referir que não odeio tudo e mais alguma coisa, digo por ser uma forma de expressão comum e pela "gireza" da palavra "odiar" (uma gireza doida diga-se de passagem). Só não faço disto uma rubrica pontual porque sou distraída, ia-me esquecer e não gosto de obrigações. Portanto cá vai provavelmente a primeira de muitas. A segunda, algum dia chegará.
Nota: Isto não está por ordem de grau de ódio. Claro que há coisas que dão mais comichãozinha que outras mas as condicionantes são várias (tempo, disposição...). Está apenas pela ordem pela qual me fui lembrando.
1º - Podia começar por dizer que odeio pessoas visto que até tenho feito questão de o frisar nos últimos tempos. Apesar disto, eu que até sou uma pessoa muito ponderada, cheguei à conclusão que por muitas fases que tenha nunca chegarei à fase definitiva de odiar pessoas porque, no fundo, não vivo sem elas.
2º - Pombos. Um bicho que usa as nossas cabeças como WC e que ameaça ir contra nós a alta velocidade, de certeza que não é muito adorado pelos habitantes/frequentadores de Lisboa. Eu dou por mim a caminhar no Areeiro - completamente distraída porque vou a ouvir música - e parece tanto que eles se vão esborrachar contra a minha cara que dou por mim quase a cair, ali, no meio da rua. Só falta começar aos gritinhos. Com a sorte que tenho, um dia caio mesmo e há-de ser no meio de caca de pombo.
3º - As pessoas que me dizem "Eu como tudo e mais alguma coisa e não consigo engordar" ou "Eu andei um mês a comer big mac's e baguetes e finalmente consegui engordar meio quilo". Ora esta então dá mesmo vontade de...nem sei.
4º - Ir no autocarro cheia de fome e alguém ao nosso lado começar a comer uma coisa qualquer que geralmente me apetece. Esta é óbvia para quem me conhece. Já se deve ter reparado que gosto bastante de comer...pronto, sinceramente, sou uma alarve de primeira e como de tudo a toda a hora. Portanto, não é de estranhar que me apeteça o que quer que seja que o vizinho do lado está a comer. Claro que graças a este hábito, que mantenho há 19 anos, ainda não consegui chegar ao 60 kg e provavelmente nunca chegarei mas ao menos já estou mentalizada que não sou como as minhas queridas amigas que têm um metabolismo que era perfeito para mim e não para pessoas que não gostam de comer e que nem apreciar comida sabem!
5º - Quando começa a chover precisamente no momento em que temos de sair de algum lado, seja carro, autocarro, edifício. Parece que a chuvinha estava mesmo à nossa espera han....grrrr!
6º - Quando corremos que nem doidas para apanhar o autocarro e ele parte sem nós. Se não corrermos também irrita mas esta é especial porque houve de facto muito esforço da nossa parte. Digo muito porque, pelo menos no meu caso, cinco segundos de corrida e já estou cansadíssima.
7º - Falta de espaço. É normal numa discoteca, num concerto. Aí tolero, por muito que me aborreça o facto de querer dançar e não conseguir porque toda a gente se lembra de passar ao pé de mim. Agora, quando há todo o espaço do mundo e vêm colar-se à minha pessoa, aí já me faz comichão. O ar é de todos mas há limites. Eu até gosto de contacto físico mas não da parte de pessoas que não conheço.
8º - Começo a odiar o meu instrutor. E isto porquê? Nas primeiras aulas ele punha-me a mão na pernoca uma vez ou outra, muito raramente. Agora é quase a aula toda e eu não gosto! Então, se ele tem tanto espaço no seu cantinho, por que raio é que tem de invadir o meu? A perna é minha! O contacto físico faz-me mesmo impressão quando é indesejado. Ele mete lá a patinha quando eu vou fazer alguma pergunta, deduzo que seja para mostrar que está com atenção ao que eu digo, e quando quer enfatizar uma explicação (ou seja, agora enfatiza tudo e mais alguma coisa). Eu como sou parva ainda não tive coragem de dizer nada e não quero pensar que seja por mal porque se o senhor se lembra de pôr a mão noutro sítio qualquer arrisca-se a que eu vá contra um poste (e só bato do lado direito, claro)!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Os nomes até são importantes

Local: Escola de condução
Cenário: Rapaz giro não tira os olhos da eu
Uns minutos mais tarde entrámos na sala e lá nos dirigimos à mesa para assinar a aula. Como estava mesmo atrás do moçoilo era inevitável espreitar o nome dele quando fosse eu a assinar. Mesmo que não fosse de tão fácil acesso, a minha curiosidade não me permitiria não olhar. Tal é o meu espanto quando vejo que o rapaz se chama Amílcar Paulino. Repito, Amílcar Paulino.
Resultado: Isto é capaz de ser discriminação mas não consegui voltar a olhar para ele da mesma maneira, é como se tivesse um botão dentro de mim que se liga automaticamente nestas situações. Amílcar Paulino?! Afinal o nome até importa mas ele não deixou de ser giro, só deixou de ter tanto "brilho". Pode ser que isto entretanto passe e eu volte a deitar-lhe um olhinho.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O Domingo e o dia dos namorados

Domingo é o dia da família. Não sei porquê mas isto está assente para a minha pessoa há muito tempo. Como não tenho o tradicional dia de família, que implicaria ir almoçar e passear a tarde toda, inventei o meu que implica simplesmente não sair de casa. A mãe não sai, eu também não saio. É engraçado porque acabo por passar o dia praticamente todo sozinha e enfiada no quarto mas é este o meu Domingo perfeito por agora. Está para chegar alguém que me convença que o um bom Domingo não é igual a ficar em casa, enrolada nos cobertores, a ver séries/filmes, a chorar baba e ranho com eles, a beber chocolate quente com bolinho enquanto chove lá fora. Até agora, ainda não descobri melhor maneira de acabar a semana. Ainda para mais quando lá fora o dia dos namorados está por todo o lado. Como não podia deixar de ser, chegou a altura de falar da "importância" deste dia. Ah, o dia dos namorados. Toda a gente na rua, com o típico ar de parvo/a apaixonado/a, com sacos de prendinhas e muitos beijinhos para aqui e para acolá.
Ponto nº1 - Continuo a abominar todas as pessoas que se beijam na rua como se tivessem em casa prontos para terem sexo desenfreado durante horas. Aliás, eu abomino os casais que se beijam durante mais do que um segundo. Eu sei que sou estranha com isto mas não é inveja nem nada que se pareça, simplesmente acho que são coisas que se fazem na privacidade do lar ou doutro sítio qualquer. Se for um beijo daqueles inofensivos já acho cute. Não sei se isto no dia dos namorados se torna pior ainda, sou inteligente o suficiente para não ter tirado as patinhas de casa.
Ponto nº2 - Por que raio é que tem de haver um dia dos namorados? É o mesmo que um dia da mãe, um dia do pai, um dia da criança. O conceito até é engraçado, o que me entristece é que toda a gente dê tanta importância ao dia. O ano tem 365 ou 366 dias. Provavelmente muitos homens estão-se bem cagando para aquilo que a namorada quer, depois no dia dos namorados é vê-los a pedir conselhos à última da hora sobre o que comprar, sobre o que fazer para agradar a sua moçoila e para a calar mais um ano. Já elas, andam com o pito aos saltos à espera que chegue o dia para receberem flores, chocolates e o relógio que a swatch fez de propósito para este dia tão "especial". Recebem todas o mesmo e gostam, fabuloso! Claro que é quase impossível o namorado esquecer-se do dia porque elas fazem questão de os lembrar com a devida antecedência, a menos que sejam daquelas que gostam de testar o mocito, se ele se lembrar do dia dos namorados ui pronto, de certezinha que é o homem ideal com quem devem casar e amar para todo o sempre. Se o ano tem tantos dias, por que é que têm de fazer tudo igual aos outros e exactamente no mesmo dia? Ai ai, a massificação das massas. Namorado que é namorado surpreende a sua cachopa num dia qualquer, quando ela não esteja à espera. Dá-lhe uma prenda sem ela pedir implicitamente durante uma semana ou duas. Uma prenda que tenha a ver com ela e que não seja igual à das outras todas. Diz-lhe como ela é especial e como o faz feliz. A namorada podia fazer o mesmo e não dar tanta importância ao dia 14, isso sim era giro. Eu cá preferia assim. Tome-se outro exemplo, o do dia da mãe. Eu não preciso desse dia para lhe dar mimos e dizer que gosto dela. É dia da mãe, e então? É dia da mãe, do pai, dos namorados, quando nós quisermos...é todos os dias.
Fora isto, acho muito bem que as pessoas andem apaixonadas. Se há coisa que faz bem é o amor, oh se faz.

P.S.: Não é I love you, é só para dizer que adorei a ordem de notícias do jornal da noite da rtp. Primeiro falam do dia dos namorados e logo a seguir: "cada vez há mais divórcios". Amei mesmo. Ah e depois, para ser uma sequência ainda melhor, falam das pitas que vão acampar por causa dos Tokio Hotel. Grande rtp!
P.S.2: Eu era feliz com um irlandês do género deste aqui de cima.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Gajas vs Gajos

Aqui há dias, numa das minhas várias divagações, fiquei um bom bocado a pensar numa grande diferença entre homens e mulheres. A divagação surgiu pelo facto de eu estar meio deprimida, já não me lembro porquê. E com isso pus-me a pensar, realmente nós mulheres temos uma facilidade enorme em deprimir, seja a razão qual for. Ai que hoje está mau tempo, pintei mais um olho que o outro, vesti as cuecas amarelas em vez das verdes, não consigo arrotar, engasguei-me com o ar, mordi a língua, parti a unha do dedo mindinho do pé, aquela pedra está mais à direita do que devia, etc etc. Deprimimos literalmente com tudo. Depois pensei nos homens. Demorei bastante tempo até encontrar uma razão para um homem deprimir (não estou a contar com aqueles que têm mais de gaja do que eu, por exemplo). Achei que não ia conseguir e tive mesmo para desistir mas cheguei lá. Os homens ficam deprimidos se o seu clube do coração perde. E, ainda assim, penso que não dura muito. Pouco depois já estão a fazer contas com as jornadas das semanas seguintes e lá se passou a má-disposição. Depois ocorreu-me outra que nunca testemunhei mas que acredito que seja fidedigna. Um homem que bata com o seu carro novinho em folha. Pode ser só um toquezinho, um risco mínimo, eles ficam deprimidos. E neste exacto momento, em seguimento de ideias, lembrei-me de outra. Pensemos um bocadinho nos homens em geral. Quais são as três coisas mais importantes para eles? Clube, carro e...mulheres! Isto são tudo suposições, ainda tenho de realizar um estudo antropológico/psicológico/whatever sobre o assunto, mas um homem que lhe apeteça muito muito muito fazer sexo, de certeza que fica deprimido caso ela se recuse. Vá deprimido talvez nem seja o termo correcto mas pelo menos chateado e com vontade de lhe dar com o candeeiro da mesa-de-cabeceira, ai disso não tenho dúvidas.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A cura para o apaixonamento

A descoberta de hoje foi que o meu manual de Espanhol é muito engraçado. Num texto dum suposto congresso internacional sobre os grandes enigmas da vida, uma das conclusões era:

"El enamoramiento. Es algo natural, una simple exaltación hormonal causada por el instinto de reproducción; se puede combatir con duchas frías y terapias de grupo (en ningún caso con duchas en grupo)."

Quiçá em 2500 isto não será mesmo possível. "Ai, apaixonei-me por um gajo das obras, deixa-me ir curar isto já!" Corro para casa e depois de uns quantos duches estou óptima e já nem me lembro da cara do dito cujo. Dava jeito. Então e quem não soubesse disto? Ao tomar uns quantos duches frios deixava de estar apaixonado pela cara-metade? "Ai filho, não sei mesmo o que se passa mas estou aqui a olhar para ti e já não sinto nada. Não vai dar." Parece-me que era um mundo bem mais prático. Digamos que vá, ao 20º duche ficávamos curados. Contando que toda a gente tomava banho todos os dias, vinte dias depois acabava-se. Era óptimo! É o tempo da novidade que é quando é bom. Assim nem tínhamos tempo de nos fartar da pessoa. Era aproveitar bem os vinte dias e depois adeus, cumprimentos à família. Só tenho pena de não estar cá em 2500 para ver isto!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um dia, foi assim...

Gostei tanto de ler isto que decidi pôr aqui. Desconheço o autor mas, quem quer que seja, resumiu bem a melhor infância possível. Nasci depois de 86 mas tanto eu como os meus amigos nos revemos nisto quando recordamos o quão felizes fomos. Claro que defendemos sempre que o que é nosso é melhor mas não consigo de forma alguma imaginar que a minha infância teria sido melhor se fosse como a dos miúdos de agora. Teria perdido demasiado. Se houve época feliz na minha vida foi, sem dúvida, até aos 14 anos. Com o carrinho de madeira feito pelo meu avô, para mim, para os primos quando cá vinham, e para o amigo que nasceu praticamente comigo e vivia (ainda vive) a dois passos. Com coisas simples eramos mais que felizes. Com pauzinhos e pedrinhas fazíamos a festa, inventávamos os nossos jogos e com eles passávamos o dia. O tempo parecia que não passava. Tinham de ser as nossas as mães a ir buscar-nos quase pela orelha para jantar, caso contrário havia energia para mais, muito mais. Era correr de manhã à noite. No quintal, na rua, depois na escola, quando começou. A jogar à bola, ao peão, à apanhada, às escondidas. A brincar com tazos, com -iós, com diablos. A tocar às campainhas e a fugir que nem loucos. Em casa eram as bonecas. Na televisão, o Dragon Ball, o Doraemon, os filmes da Disney. Com isso era uma criança feliz, não precisava do computador. Mais tarde, quando o tive, não sabia sequer o que era a Internet. O que lá jogava era com amigos mas ninguém trocava aquilo pelas brincadeiras de rua.
No meio disto tudo, há algo de que me orgulho muito também. Orgulho-me das minhas quedas. Todas. Orgulho-me das calças que rasguei, dos joelhos que esfolei, das palmadas que levei. Foram centenas, no futebol, na apanhada, no skate, na bicicleta. Chamem-me masoquista, chamem o que quiserem, fazia tudo outra vez. Cada uma delas contribuiu para formar a pessoa que sou hoje. Há uma coisa chamada experiência e isso faz muita falta aos miúdos que, hoje em dia, são colocados num pedestal. "Ai coitadinhos que não podem sair de casa, não podem cair, não se podem aleijar. Deixem-me lá comprar todos os brinquedos da loja para ele estar entretido todo o santo dia." Pais, abram os olhos. Isso está mal. Uma coisa é proteger, outra coisa é educar pior e pensar que é o melhor. As vossas crianças não vão ser mais fortes por não terem caído. Muito pelo contrário, vão ser as crianças mais atrofiadas, no verdadeiro sentido da palavra, vão ser cada vez menos desenvolvidas e cada vez mais passivas. Vão ser cada vez mais gordos e usar óculos quase desde a nascença. Enfim, o meu pensamento não vai mudar a mentalidade de agora, não vai parar o "desenvolvimento" que para mim é tudo menos isso. E isto tende a piorar, com muita pena minha. Ao menos posso estar orgulhosa do ano em que nasci. Obrigada mãe e obrigada pai por não terem "brincado" mais tarde.
"Nascidos antes de 1986.
De acordo com os reguladores e burocratas de hoje, todos nós que nascemos nos anos 60, 70 e princípios de 80, não devíamos ter sobrevivido até hoje, porque as nossas caminhas de bebé eram pintadas com cores bonitas, em tinta à base de chumbo que nós muitas vezes lambíamos e mordíamos.
Não tínhamos frascos de medicamentos com tampas 'à prova de crianças', ou fechos nos armários e podíamos brincar com as panelas.
Quando andávamos de bicicleta, não usávamos capacetes.
Quando éramos pequenos viajávamos em carros sem cintos e airbags, viajar à frente era um bónus.
Bebíamos água da mangueira do jardim e não da garrafa e sabia bem.
Comíamos batatas fritas, pão com manteiga e bebíamos gasosa com açúcar, mas nunca engordávamos porque estávamos sempre a brincar lá fora.
Partilhávamos garrafas e copos com os amigos e nunca morremos disso.
Passávamos horas a fazer carrinhos de rolamentos e depois andávamos a grande velocidade pelo monte abaixo, para só depois nos lembrarmos que esquecemos de montar uns travões. Depois de acabarmos num silvado aprendíamos.
Saímos de casa de manhã e brincávamos o dia todo, desde que estivéssemos em casa antes de escurecer.
Estávamos incontactáveis e ninguém se importava com isso.
Não tínhamos Playstation, Xbox.
Nada de 40 canais de televisão, filmes de vídeo, home cinema, telemóveis, computadores, DVD, chat na Internet.
Tínhamos amigos e se os quiséssemos encontrar íamos à rua.
Jogávamos ao elástico e à barra e à bola até doía!
Caíamos das árvores, cortávamo-nos, e até partíamos ossos mas sempre sem processos em tribunal.
Havia lutas com punhos mas sem sermos processados.
Batíamos às portas de vizinhos e fugíamos e tínhamos medo de ser apanhados.
Íamos a pé para casa dos amigos e para a escola.
Criávamos jogos com paus e bolas.
Se infringíssemos a lei era impensável os nossos pais nos safarem, eles estavam do lado da lei.
Esta geração produziu os melhores inventores e desenrascados de sempre.
(...)
Tínhamos liberdade, fracasso, sucesso, e responsabilidade e aprendemos a lidar com tudo.
(...)
A maioria dos estudantes que estão hoje nas universidades nasceu em 1986, ou depois. Chamam-se jovens.
Nunca ouviram "We are the world" e "Uptown girl" conhecem de Westlife e não de Billy Joel.
Nunca ouviram falar de Rick Astley, Banarama ou Belinda Carlisle, entre muitos outros.
Para eles sempre houve uma só Alemanha e um só Vietname.
A SIDA sempre existiu.
Os CD's sempre existiram.
O Michael Jackson sempre foi branco.
Para eles o John Travolta sempre foi redondo e não conseguem imaginar que aquele gordo
tivesse sido um deus da dança.
Acreditam que a Missão Impossível e Anjos de Charlie são filmes do ano passado.
Não conseguem imaginar a vida sem computadores.
Não acreditam que houve televisão a preto e branco."

domingo, 7 de fevereiro de 2010

The End

Não, não vou falar do álbum dos Black Eyes Peas nem da música dos The Doors. Era mesmo só para dizer que acaba hoje o meu longo período de férias. Até é bom, já me sinto mal em dizer que estou de férias desde o Natal enquanto anda tudo em exames infinitamente. Admito que gostava de estar mais uns tempinhos em casa sem fazer nenhum mas isto só contribui para aumentar o meu sedentarismo e sensação de inutilidade. Portanto, está na hora de começar mais um semestre e voltar à rotina. Bye bye férias, até daqui a quatro meses.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Viver é tipo comer peixe, às vezes engolem-se espinhas.

Desemprego

No outro dia, no jornal da uma, um jovem recém-licenciado em jornalismo pela universidade do Porto manifestava-se bastante descontente com a situação em que vivem os licenciados do nosso país. A certa altura da entrevista disse que "emprego não falta, em cafés, em lojas...na nossa área é que não há nada."
Ora boa, isso já todos os minimamente atentos repararam. Infelizmente.

Outra reportagem da tvi:
"Reflexos da crise, há cada vez mais portugueses a atravessar a fronteira à procura de uma vida melhor. Angola, Espanha e Reino Unido são agora os países mais procurados. Apesar da ausência de números oficiais, há quem defenda que estamos a assistir a uma vaga de emigração apenas comparável à que se viu nos anos 60, nos tempos da mala de cartão. (...) além de uma mudança de destinos regista-se também uma mudança do perfil do emigrante. - Os novos emigrantes saem de Portugal com a sua mochila, levam o seu computador dentro do saco e fazem um tipo de vida totalmente diferente. Se não se adaptam a um país, com tantas facilidades de comunicação e de livre circulação, vão para outro e tentam lá a sua oportunidade."

É óbvio que as notícias nunca são animadoras, não nos dão novidade nenhuma. Se algum dia disserem "Hoje deu-se um milagre, a taxa de desemprego desceu de 10,4% para 2.4%", aí sim dava gosto ver o jornal da uma todos os dias. Até via o da noite também, só para ver a repetição. Por isso é que há quem não veja o telejornal, para não estar a levar com a realidade a toda a hora. Porque nós sabemos mas não queremos tocar tanto na ferida, não queremos acreditar que nos vai acontecer o mesmo, temos fé que vamos ser diferentes e que com muito esforço chegamos a algum lado. Os emigrantes além de serem inteligentes, são corajosos e amigos do país. Imaginem que estavam cá todos. A taxa de desemprego já devia estar nos 15%, era terrível. Eu cá pretendo contribuir para não aumentar a taxa, é ganhar coragem e fazer o mesmo que tantos outros fazem. Se aqui está lotado, se não há oportunidades e não nos dão valor pelos anos que andamos a estudar e a pagar propinas, em algum lado hão-de dar. Nem que seja na Índia, eu cá não me importo nada.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Se à hora de almoço a vossa mãe vos disser, "Olha, eu até tirei o número...falaram no programa da Fátima...é do apoio à solidão...", é razão para pensar que alguma coisa está mal. À primeira vista, uma pessoa atenta diria que o que está mal é o facto de ela ver o programa da Fátima. Claro que isso é terrível, seja Fátima, seja Goucha, seja Júlia Pinheiro. E, realmente, aí é que está a raiz do problema, o mal da minha mãe, e de tantas outras por esse Portugal fora, é não terem mais nada que fazer e ficarem em casa a ver essa porcaria de programas que têm como tema do dia coisas interessantes como "Vi et's, preciso de ajuda", "O meu marido batia-me todos os dias com colheres de pau e candeeiros", "O tio da mãe da minha avó emigrou para a Tanzânia há 50 anos e eu quero encontrá-lo". Mas enfim, olhando para o real problema da conversa, é suposto fazer o quê? Passou-me logo pela cabeça que o problema poderia ser meu mas creio que ela estava a falar de relações amorosas. O 1º passo é criar um sistema qualquer que não lhe permita ligar a televisão durante o tempo em que dão essas mierdas. Agora o 2º passo é que já vou ter de pensar mais um bocadinho.
P.S.: Se a vossa mãe vos disser "Tens é de me ensinar a mexer na internet...a não-sei-quantas tem lá amigos" também é mau. Não deixem! Protejam a vossa mãe dos perigos da net. Fazer amigos virtuais não, é feio!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O amor em mexicanês

Hoje reparei que isto do nome Mexicana tem muito que se lhe diga. Aludindo às novelas mexicanas, tudo bem que eu era e sou uma exagerada do pior, sempre a dramatizar e tudo e tudo. Mas vendo bem, aquilo que mais caracteriza as mexicanices não é a cena toda à volta do amor e afins? A minha pessoa não acredita no amor. Pelo menos para mim, isso é coisa que não há. Para os outros acredito, não sou assim tão extremista. A minha mente perturbada sofre mudanças repentinas em questão de minutos. Ora digo que o amor é coisa que não existe ora digo que sem amor não somos nada. E por muito que me convença que não acredito, hei-de babar sempre com mariquices do género da que vou deixar aqui. Sempre! É certinho. Quem me apanhe no quarto a ver um filme ou uma série, nas cenas amorosas dão comigo a gritar "nhó" por dentro, com as bochechas coladas aos olhos, toda eu a brilhar muito e a sorrir. Enfim, mulheres! Até deixava um vídeo de uma novela mexicana que via fielmente há uns anos atrás, quando era ainda uma jovem inocente, mas é capaz de roçar o ridículo. Fica aquilo que me ocupou grande parte das férias. Já que não se faz mais nada de jeito, vêem-se três temporadas de Gossip Girl que não é nada, nada mau.