sábado, 16 de janeiro de 2010

O Raul Solnado deixou bons genes


Olhando para a televisão portuguesa, sejamos sinceros, não há muito que valha a pena ver. Pegando na tvi, que raio é que as novelas trazem de novo? Os actores são quase sempre os mesmos de novela para novela mudando apenas os nomes (às vezes as personagens são tão idênticas às anteriores que mete nojo, até podem ser muito bons a representar aquilo mas então e que tal um desafiozinho, han? Ver se conseguem fazer mais qualquer coisinha, não?) e a história, essa pouco varia. Utilizando a expressão tão característica da mamã, "vira o disco e toca o mesmo". Acabamos por não conseguir dar o devido valor a quem se calhar até o merece. Além do Ruy de Carvalho, valor indiscutível, não me consigo lembrar de mais nenhum nome grandioso. Basicamente o que se passa agora é: temos os Morangos com açúcar que serve de rampa de lançamento, todos os anos têm miúdos novos que, regra geral, nunca na vida representaram, são apenas giros (dependendo do ponto de vista) e têm um book feito numa agência qualquer. Depois, os que até têm um nadinha de jeito para a coisa pronto, lá entram nas novelas seguintes da tvi. Sempre achei piadinha à Joana Solnado até por ser neta de quem é. Na minha opinião, não é a típica miúda morangos com açúcar (engraçado, entrou na 1ª série), é boa actriz sim senhora e já anda nisto há uns bons anos. Mas, verdade seja dita, com tanta novela acaba por passar despercebida. Ao vê-la no teatro, dei-lhe todo o valor e mais algum. Talvez seja suspeita por ser uma grande fã da coisa. Adoro cinema, nem entro em comparações, mas aquilo que se faz no teatro é qualquer coisa. Ali é tudo na hora. Ou é ou não é. Não são filmados cena a cena. Além de não sei quantas preocupações, são capazes de estar ali duas ou três horas a debitar falas e mais falas que tiveram de decorar e ou sai ou não sai. É preciso, além de tudo o resto, uma grande capacidade de concentração e improvisação caso haja qualquer engano que, por muito pequeno que seja, pode atrapalhar. E o teatro, que é uma coisa que o português até tem de bom (o cinema não acho nada de jeito, infelizmente), acaba por ser tão menosprezado que faz impressão. A peça que fui ver, intitulada A Dona da História, é para rir do início ao fim. Não sei como reagiram os senhores presentes na sala (não me parece que tenham reagido mal, se forem espertos até aproveitaram para aprender qualquer coisinha sobre o tão complicado sexo feminino) mas é visivelmente dirigida às mulheres. Aquelas inquietações que só nós temos, as reacções, as dúvidas, as excitações, as anticipações, as mil e uma hipóteses que formulamos na nossa cabeça antes de tomar alguma decisão. É engraçado ver-me representada em palco e, como eu, de certeza que todas as mulheres presentes na plateia sentiram o mesmo. Vale nem que seja pelo humor simples que acaba por ser o mais bonito. Comentando a peça, disse à minha companheira de noite de teatro: "O ser humano consegue ser tão belo e complexo na simplicidade de um gesto, dum olhar, duma expressão." Vão ao teatro que vale tão a pena!

1 comentários:

Nada disse...

Só há uma palavra para esta peça: Fabulosa!

Aconselho vivamente...é o final perfeito de uma noite, para desanuviar com uma boa gargalhada!

Enviar um comentário